Estêvão Henriques
Se a vida é uma viagem, Estêvão Henriques carrega uma bagagem imensa, acumulada ao longo dos seus 78 anos. Além de possuir uma vasta coleção de instrumentos de navegação e pesca, Estêvão traz consigo um rico património cultural, fruto da sua longa experiência como empresário e técnico de equipamentos marítimos.
Depois de estudar nos seminários de Santarém e Almada, optou por seguir o curso de eletricidade e eletrónica, área pela qual desenvolveu desde cedo uma grande paixão. Em 1964, chamado ao serviço militar, frequentou o curso de Rádio Montador na Escola de Sargentos e foi mobilizado para a guerra colonial, sendo destacado para a Guiné-Bissau nessa função. A sua especialidade permitia-lhe algum tempo livre, que aproveitou para “arranjar coisas para esquecer a guerra e manter-se ocupado”. Foi assim que dedicou grande parte desse tempo ao estudo e a trabalhos artesanais.
Regressado a Portugal em 1967, começou por trabalhar como radiotécnico na empresa Electrónica Naval, sediada em Peniche. Três anos depois, decidiu abrir o seu próprio negócio de reparação e venda de equipamentos eletrónicos e elétricos para embarcações. Ao longo de cinquenta anos, além dos negócios realizados em países como Senegal, Mauritânia, Angola e Moçambique, realizou centenas de instalações elétricas em traineiras, barcos de pesca do alto, pequenas embarcações e embarcações de recreio. “Nunca arranjei um barco que não tenha ficado a funcionar”, afirma Estêvão com orgulho.
Durante este percurso, Estêvão Henriques conseguiu reunir uma coleção de instrumentos de navegação — especialmente bússolas — que será provavelmente única em Portugal. São mais de 200 bússolas, sondas, sonares, radares, oscilómetros, barómetros e muito mais. Entre as suas preciosidades destacam-se a bússola de um submarino americano da Segunda Guerra Mundial e um astrolábio que, “dizem, é do tempo dos descobrimentos”. Após várias exposições em diferentes locais, a sua coleção está atualmente em exposição permanente no Espaço Museológico de Ribamar.
