Manuel Batista Pires

Encontrámos Manuel Batista Pires e a esposa Florinda na Serra da Lua, no coração do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros. O casal, residente na aldeia de Arrimal, no concelho de Porto de Mós, tinha acabado de chegar e preparava-se para começar a alimentar o seu gado. Chegámos a tempo de ver o pastor Manuel distribuir um fardo de palha pelas terras onde pastam cerca de uma dezena de vacas de raça charolesa e limousine. Fomos recebidos com alguma desconfiança por parte do Galante, o boi da manada, da Lindinha e das restantes vacas. A presença e a voz do pastor, assim como a palha, acabaram por acalmar e distrair o grupo, permitindo-nos circular tranquilamente pela propriedade.  

Alimentadas as vacas e o boi, seguimos para a propriedade seguinte, onde nos aguardavam treze cabras e um bode curioso chamado Chico. Entre outras coisas, aprendemos que, “segundo os antigos, não se deve colocar badalo nos bodes, porque os filhos nascem malucos”. Ficou assim explicado o motivo do Chico não ter badalo. Após conhecermos os pais, fomos conhecer os filhos – cinco amorosos cabritos com poucos dias de vida. Em seguida, Manuel e Florinda levaram-nos a conhecer o seu rebanho de cerca de vinte ovelhas. Ao contrário das cabras, as ovelhas mantiveram-se à distância desde o momento em que entrámos nas terras onde pastavam, mesmo atraídas pelo milho que o pastor levava num pequeno saco.

Por fim, acompanhámo-los até ao terreno onde se encontram mais dez vacas e outro boi, cercados pelos típicos muros de pedra solta que marcam a paisagem do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros. “É tudo para carne”, respondeu Manuel Pires à pergunta “Qual a finalidade da criação de todos estes animais?”. Após conhecermos os rostos, os nomes e até as datas de aniversário de muitos deles, somos apanhados de surpresa pela forma prática como o pastor resume a sua ligação aos mesmos. Na verdade, Manuel apenas resumiu o seu trabalho como criador de gado para produção de carne. A ligação de Manuel e Florinda aos seus animais é muito mais do que isso. O carinho e dedicação com que tratam o Chico, a Lindinha, o Galante e todos os outros animais são a melhor prova disso.

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